ABSTRACT
Um estudo seccional foi realizado em 1991 nas localidades de Säo Francisco do Laranjal, Aranaí e Säo Lázaro, no município de Coari, localizado no Médio Solimöes, no Estado do Amazonas, envolvendo 406 pessoas residentes, visando determinar as condiçöes sociais e sanitárias e indicaçöes epidemiológicos e laboratoriais específicos sobre a prevalência de anemia, parasitoses intestinais, malária, toxoplasmose, hepatite B e hanseníase. No inquérito foram aplicadas duas fichas padronizadas, uma domiciliar para avaliaçäo das condiçöes econômicas e sanitárias e outra individual para anamnese e exame físico. De cada pessoa foi solicitado amostra de fezes para exames pelos métodos de Lutz (sedimentaçäo) e de Baerman, e colhido sangue para dosagem de hemoglobina e micro-hematócrito, gota, gota expessa e esfregaço para a malária, sorologia para toxoplasmose e para hepatite por vírus B (HBsAg e Anti-HBs). A principal atividade econômica da populaçäo é a agricultura de subsistência e a pesca. Nas três localidades existe escola de 1§ grau mas em nenhuma existe posto de saúde. O índice de aglomeraçäo foi em média 5,3 pessoas por domicílio dos quais 84,2 por cento säo construídos de madeira e 77,5 por cento têm apenas um dormitório para toda a família. O abastecimento de água é feito diretamente do rio; em 89,4 por cento das casas näo existem instalaçöes sanitárias e em sua totalidade o lixo é abandonado ou jogado no próprio rio. A anemia esteve presente em 56,4 por cento dos examinados, 16,2 por cento com menos de 10g/Hg por cento. O exame de fezes revelou 81,9 por cento com um ou mais parasitos (72,6 por cento com mais de um parasito), com predomínio do Ascaris lumbricoides. Chama a atençäo a E. histolytica com 15,6 por cento, diagnósticada com métodos näo específicos. Surpeendentemente todas as lâminas foram negativas para malária; 65,8 por cento dos soros foram reagentes para toxoplasmose, 10,6 por cento com títulos iguais ou superiores a 1: 1024. No exame físico foram diagnósticados três casos de hanseníase (7,38 por 1.000). Apenas 1,9 por cento dos soros foram HBSAg positivos porém 34,3 por cento tinham anticorpos Anti-HBs